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domingo, 19 de setembro de 2010

Filosofia e Metafísica: Obras de Cecília Meireles


Filosofia e Metafísica: Obras de Cecília Meireles


Esse texto são anotações minhas feitas durante uma palestra que assisti de uma filósofa de Brasília. São palavras dela e meu conseqüente desenvolvimento sobre o tema abordado.


1- Filosofia e Poesia

            A visão que Platão tem da poesia é muitas vezes vista de modo errado, como se Platão não gostasse e admirasse a poesia. Segundo Platão, o poeta tinha uma visão três vezes mais afastada da idéia do que o artesão, por exemplo, pois o artesão ver a idéia e materializa, e o poeta apenas escreve ou declama algo não palpável, como se fosse um cópia da cópia, e por causa disso, a idéia, que é considerada divina para Platão, podia sofrer deturpações. Por exemplo, como ensinar mitologia grega para uma criança? Como descrever que o Titã Cronos comia seus próprios filhos na mitologia grega? Uma criança levaria isso ao pé da letra e a mitologia seria vista de forma mal vista pela criança que já criaria uma aversão a mitologia. Por isso a mitologia deve ser ensinada, segundo Platão, para pessoas de grau mais avançado. O significado de Cronos, o senhor do tempo, que engolia seus filhos, simboliza o tempo que a todos consome, e Zeus, um dos filhos de Cronos que viria se tornar o Deus dos deuses derrota o próprio pai, que simboliza a sabedoria vencendo o tempo dos homens. Kayrós, que é o Deus do tempo oportuno, dizem que ele quando vem passa ligeiro, como as oportunidades que nos aparecem e nós temos que estar preparados para pegar essas oportunidades, pois como são ligeiras, podem passar por nós tão rápido que podemos perder a chance de alcançá-las.
Para Platão, primeiro para os guardiões deveria ser ensinado à matemática, por essa ciência está mais próxima da verdade, e conseqüentemente, a música seria ensinada primeiro do que a ginástica, por que primeiro se educa a alma, e depois o corpo; e para Platão na música já estaria incluída a poesia e a dança. Os poetas para os gregos eram considerados os serviçais das musas, pois as musas é que inspiravam esses poetas. A função divina do poeta é nos lembrar dessas idéias divinas de forma mais pura possível.

2- Adentrando em Cecília Meireles

            Hoje a gente ver a solidão como um mal, mas existe a solidão filosófica que faz você pensar em si mesmo, e conhecendo melhor a si mesmo, conheceremos melhor o próximo. Lembremos que mesmo estando acompanhados, podemos estar sozinhos na multidão, porém, no caso de Cecília Meireles, a solidão ajudou na sua obra, pois ela era adepta da solidão filosófica. O poeta, como era Cecília, ás vezes com a sensibilidade aguçada ver a superficialidade da vida e puxa o ser para o alto. Na poesia “Motivo” do livro “Viagem” que foi musicada por Fagner, mostra não um poeta alegre ou triste, aliais, mostra essas duas faces sem se identificar com elas, vendo por cima, como observador, como uma águia. Na poesia “Epigrama” do livro “Mar Absoluto” foi uma forma de se definir. A passagem do arco-íris lembra quem busca o alto, e também lembra a esperança em algumas tradições, uma ponte. A poesia “Beira-Mar” do livro “Mar Absoluto” fala da percepção do homem e da matéria e da dualidade da matéria, expor o contraste e chegar a uma conclusão: o mar, que é tudo, que tem haver com o absoluto.
Como Nietzsche diz no seu livro “Assim falou Zaratustra”: “O homem é um rio turvo, onde o mar é seu destino”. Na poesia “Cantiguinha” do livro “Vaga Música” ela fala de alguns sofrimentos do mundo, mas que não são seus. Na poesia “Último Andar – Poemas infantis” do livro “Isto ou aquilo” ela faz pensar numa criança escrevendo a poesia do último andar. Na poesia “Exercício” do livro “Dispersos” ensina que a vida é feita de derrotas e vitórias. Agora vamos adentrar num livro bem mais metafísico, que veio a luz em 1981, mas acredita-se que foi escrito em 1927, o nome do livro se chama “Cânticos”, vamos aqui abordar trechos que foram enumerados no livro. Na poesia “I” fala da percepção plena de tudo. Na poesia “II” lembramos uma velha filosofia de guerra que diz que o homem de hoje, o homem cinza, que não é branco nem preto, mas morno, está entediado com o presente, se arrepende do passado e fantasia o futuro. A filosofia nos ensina que o homem deve buscar com que há de melhor no passado, viver o presente, e antecipar o futuro. Na poesia “VI” faz uma referência à ave mitológica Fênix que ressurgi das próprias cinzas. Na poesia “VIII” lembra uma abordagem da filosofia estóica que diz que o problema não é a vida que é curta, mas que mal utilizamos o tempo que nos é dado. Na poesia “XII” lembra muito Helena Blavatsky que não foi autorizada a escrever nas escolas de mistério do Tibet no século 19, e que tinha que memorizar tudo, ou pelo menos tentar absolver muita coisa que os mestres diziam; e assim, ela trouxe para o ocidente o oriental livro: “A voz do silêncio”, que por questões meramente de estratégia e burocráticas, ela colocou como se fosse ela a autora, mas não teve nada de plágio como muitos disseram na época.
Na poesia “XIII” lembra Shiva, o Deus da destruição na tradição hindu. É a terceira pessoa da trindade hinduísta; a primeira é Brahma, o Deus Criador, e a segundo pessoa é Vishnu, o Deus Renovador, que vem para renovar aquilo que foi criador por Brahma. A função de Shiva está em destruir o que está gasto e o que não tem mais sentido para assim dar espaço para surgir o novo e assim Brahma entrar de novo na história. Esse ciclo de criação, renovação e destruição é eterno. Na poesia “XXVI” vejo que o filósofo não vai fazer muito diferente do que se fazia antes de se tornar filósofo, mas vai dar sentido as coisas que fazia, encaminhar o curso da sua vida, e não “deixar a vida nos levar” como diz numa música brasileira. Por fim digo que a palavra oratória vem do latim, e no latim quer dizer algo relacionado à oração, portanto, ao sagrado. Então juntando o útil ao agradável e como eu disse numa poesia minha, “Meu nome é poeta” do livro “A Flor e o Beija-flor”: “Declamai a poesia/Pois não é feito para isso?/ Pros outros.../ De tantos outros.../ Mundos (...)/ De tantas outras.../ Cores./(...)/ Declamai a poesia/ Ao som do violão/ Na brisa Celeste/ Ao som da sanfona/ Na caatinga Serena/ No sereno frio da noite do sertão!”

Autor: Victor da Silva Pinheiro



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