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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Relatos sobre Geografia Agrária – Parte 3



Relatos sobre Geografia Agrária – Parte 3


VI Simpósio Internacional de Geografia Agrária
VII Simpósio Nacional de Geografia Agrária
I Jornada de Geografia das Águas

João Pessoa, PB, Brasil
22 a 26 de Setembro de 2013
Universidade Federal da Paraíba – UFPB



Trabalho de Campo no Brejo Paraibano

Numa turma de dezenas de alunos, professores e curiosos, formos todos para o Memorial das Ligas Camponesas, em Sapé, que era a antiga casa de João Pedro Teixeira e sua esposa Elizabeth Teixeira e família. As Ligas Camponesas cresceram mais na Paraíba, mais especificamente na cidade de Sapé, onde chegou a ter 12 mil membros. Elizabeth Teixeira falava até de 16 mil membros, segundo o orador que nos recebeu no Memorial. João Pedro Teixeira, Nêgo Fuba e Pedro Fazendeiro foram importantes líderes da liga assassinados por causa da luta pela terra. Pedro Fazendeiro não tinha fazendas, recebeu esse nome por que fazia um tipo de tecido diferente. João Pedro Teixeira sempre incentivava seus filhos a estudarem. Ele sabia que o futuro estava nos estudos; e foi ele alfabetizado pela esposa. Ele foi assassinado perto de casa, caindo sobre livros, uma ironia, já que ele via o futuro nos estudos. É considerado um mártir da causa agrária.
            Com relação às Ligas Camponesas, essa ganhou proporções tamanhas que JK, nosso ex-presidente Juscelino Kubitschek quis conhecer as Ligas. Dizem até que o presidente dos Estados Unidos da América, John Kennedy, também planejava conhecer de perto as Ligas, planejava ele visitar o Nordeste do Brasil. Depois do Golpe de 1964, o Golpe Militar do Brasil, as Ligas Camponesas foram arrasadas pelos militares. Onde este governo ditador fez até campanhas para deturpar a imagem das Ligas Camponesas. Golpe Militar articulado também pelo governo dos Estados Unidos da América, como bem mostrou o documentário “O dia que durou 21 anos”. Articulou o governo dos Estados Unidos a ditadura brasileira com o pretexto de evitar o avanço do comunismo na América Latina.
Com relação ao assassino de João Pedro Teixeira, ele era suplente, de um suplente, de um suplente de deputado. E cada um foi renunciando até chegar a ele, o assassino, e assim ele assume como deputado e tem imunidade parlamentar. Elizabeth ao ser presa depois de assumir a liderança das ligas, como já disse, por um milagre ela não morreu, talvez por que tenha sido presa pelo exército e não pela polícia civil. Pois, Nêgo Fuba e Pedro Fazendeiro também foram presos e soltos, como Elizabeth, porém, eles foram presos pela polícia civil, e logo depois da soltura deles, foram mortos. Ouvi ainda o orador falar que até hoje muitas pessoas da comunidade em volta tem receio de falar sobre o assunto, talvez por medo herdado da época da ditadura militar. Em volta da casa de Elizabeth, aconteciam às vezes tiroteios, e com a prisão de Elizabeth, mais o terrorismo psicológico dos tiroteios, fizeram a filha mais velha dela se matar.
Em volta da casa ainda existe uma comunidade que precisa de melhorias. Lembrou os oradores que não adianta tombar a casa como Museu, Memorial, e receber turistas de outros países, se a comunidade em volta não melhorar. A comunidade em volta tem que ter melhores condições de vida. Há décadas atrás, trabalhadores chegavam a trabalhar de graça, e de insatisfações como essas, nasceu as Ligas. Uniu a esse movimento o carisma de um líder, João Pedro Teixeira, que arrastou multidões de trabalhadores rurais. Segundo um dado fornecido na conversa, por volta de 3500 lideranças camponesas foram assassinadas no início da ditadura militar.
Qual foi o legado das Ligas? Trouxeram relativo desenvolvimento a Sapé, por influência das Ligas, há bancos lá, e foi construído um hospital. E atualmente está em encaminhamento o surgimento de uma escola agrícola.

                                                           (...)

À tarde formos a um lugar entre as cidades de Duas Estradas e Serra da Raiz, conhecer o Engenho Imaculada Conceição, onde se produz a cachaça Serra Limpa. O dono, e seu filho, fazem um trabalho diferenciado dos outros engenhos, desde o corte da cana, do trato com os bois para trazerem a cana, da higienização, do cuidado com os trabalhadores, tudo é detalhadamente pensado para priorizar não a quantidade, mas a qualidade. Ele aprendeu isso depois de longa conversa com um especialista na área há anos atrás. Tornando assim um Engenho diferenciado. Por causa desse preparo diferenciado da cachaça Serra Limpa, a torna uma das melhores cachaças de todo a região, e talvez até do Brasil.
Nessa viagem conheci gente de outras regiões do país e até de fora do Brasil, como do Paraguai e de Moçambique. Todos faziam parte do trabalho de campo e estavam participando do Simpósio Internacional de Geografia Agrária, o Singa 2013, na UFPB – Universidade Federal da Paraíba.

Autor: Victor da Silva Pinheiro




terça-feira, 24 de setembro de 2013

Relatos sobre Geografia Agrária – Parte 2

Relatos sobre Geografia Agrária – Parte 2


VI Simpósio Internacional de Geografia Agrária
VII Simpósio Nacional de Geografia Agrária
I Jornada de Geografia das Águas

João Pessoa-PB, Brasil, 22 a 26 de Setembro de 2013
Universidade Federal da Paraíba – UFPB


Na década de 1970, incentivos pelo governo federal ocorreram para que fazendeiros ocupassem a Amazônia, e assim, levar o “progresso”. Só que esse grupo de fazendeiros entrou em conflito com os trabalhadores locais, os povos da floresta, como os seringueiros, que por já viverem e trabalharem ali por muito tempo, tinham o direito ainda permanecerem lá. Os fazendeiros conseguiram a terra pelos cartórios, que ignoraram os nativos, então houve o conflito. Ocorreu o apoio da teologia da libertação aos nativos trabalhadores, os seringueiros. O movimento dos seringueiros, os povos da floresta, surgiu para evitar a expulsão dos povos da floresta. Esse movimento simpatiza com o MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Dentro desse movimento dos seringueiros, se destacou um líder: Chico Mendes. Ele é considerado um mártir desse movimento.
Qual o desafio atual para esse tema? Levar o progresso a Amazônia respeitando a terra e a tradição dos seringueiros. A floresta tem mais a nos oferecer estando de pé e não desmatada. Os povos da floresta, incluindo os índios, utilizam a caça e a pesca. Como disse, a Floresta Amazônica pode oferecer a sociedade curas para muitas doenças. É preciso para isso internacionalizar a luta dos povos da floresta e fazer com que a floresta fique de pé.

Questão agrária

Há 3 bilhões de pessoas que sofrem alguma deficiência alimentar. ¾ das pessoas subnutridas são do meio rural. Milhares de pessoas foram assassinadas em conflitos fundiários nas últimas décadas no Brasil. Temos que incentivar a cultura de alimentos orgânicos por uma questão de saúde pública, de qualidade de vida. Aquele que inicia seus estudos nessa área, logo ver a importância dos alimentos orgânicos.
Nas últimas décadas, milhões de hectares da Floresta Amazônica foram destruídos. Quanto mais agravar a questão ambiental, maior será o valor da terra boa. Como disse um certo geógrafo, crescimento é aumento, mas desenvolvimento é transformação. Desenvolvimento sustentável real deve ocorrer respeitando os povos da floresta. Eles são os herdeiros legítimos da terra.

Autor: Victor da Silva Pinheiro



segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Relatos sobre Geografia Agrária – Parte 1

Relatos sobre Geografia Agrária – Parte 1


VI Simpósio Internacional de Geografia Agrária
VII Simpósio Nacional de Geografia Agrária
I Jornada de Geografia das Águas

João Pessoa, PB, Brasil – 22 a 26 de Setembro de 2013
Universidade Federal da Paraíba – UFPB


Elizabeth Teixeira, esposa de João Pedro Teixeira, sempre ouvia do marido que ele um dia podia ser assassinado, e que ela, Elizabeth, teria que assumir a liderança das Ligas Camponesas. Elizabeth nunca tinha confirmado para João que iria assumir a liderança das Ligas Camponesas, mas com a morte deste, ao ela ver ele morto, ela tomou a decisão de assumir a liderança das Ligas Camponesas. Com isso ela foi presa, e a filha mais velha dela achou que ela também morreria. Quando Elizabeth voltou da prisão encontrou a filha envenenada em casa. Ela havia tentado suicídio com a prisão de Elizabeth. Levaram ela pra cidade de João Pessoa, mas infelizmente sua filha morreu. Depois do Golpe Militar de 1964, Elizabeth foi presa pelo exército e depois foi solta, mas temia pela vida. Então foi viver numa cidade do estado do Rio Grande do Norte, como professora, sem saber sobre os filhos que ficaram na Paraíba. Só anos depois, o cineasta do documentário “Cabra Marcado para Morrer”, Eduardo Coutinho, ajudou Elizabeth, e assim, Elizabeth voltou a ver os filhos e estabeleceu-se na cidade de João Pessoa. O documentário é sobre João Pedro Teixeira.
Manuel da Conceição foi outro que teve participação na causa agrária no Brasil. Foi ele uma liderança camponesa. E, disse ele: "enquanto estiver vivo, continuarei na luta". E se ele morrer, outros continuarão o projeto. “O homem pode morrer, mas a luta não”, segundo ele.
Maria José Marinheiro, liderança Indígena Tumbalala, também está na causa da terras indígenas no Nordeste Brasileiro. Lembremos que para chegar a uma solução, há que ser por vias diplomáticas. Há que ter um acordo entre os índios e camponeses e os fazendeiros e governo. A população indígena cresceu muito no Brasil, e há que ter políticas públicas para o povo indígena.
Frei Anastácio, deputado estadual da Paraíba, também tem uma história nesse meio. Foi preso e seqüestrado em nome dessa causa agrária. Ele é um frei do Partido dos Trabalhadores, PT. Contou ele que vários já morreram assassinatos pela causa da terra. Ele também disse a importância da Pastoral da Terra na luta pela terra. E disse que na Paraíba já são 36 feiras agroecológicas.
Jaime Amorim, do MST, disse que aquilo que ainda não se é capaz de compreender, devemos levar a compreensão desse desconhecido estudo como desafio. E que temos que ousar a vida inteira, em busca dessa compreensão, em busca de respostas. Lembrou ele, que em alguns momentos somos mais luta do que sonhos, e em outros, mais sonhos do que luta. Porém, a causa nunca está perdida, segundo ele.
É preciso 3 condições para a causa agrária: o sentimento de indignação diante do descaso da causa agrária; depois, construir junto com a sociedade soluções pacíficas para a caminhada agrária; E assim convocamos todo o povo para o novo projeto.
Maria da Soledade Leite, é do sindicato Margarida Maria Alves. Lembrou ela que Margarida é um importante símbolo da causa agrária no Brasil, e das famílias dessa luta. Lembrou ela que Margarida dizia que é melhor morrer na luta, do que morrer de fome. Disse Maria da Soledade: “Nós precisamos da terra como precisamos do ar, tiramos da terra nosso sustento e é a terra que nos acolhe até o fim da vida.”
Alder Júlio lembra das três fases da causa agrária: memória, luta e sonho. Elizabethe Teixeira, Manoel da Conceição, disse ele, inspiram o compromisso da causa no mundo todo, e não só no Brasil. É a memória. A luta vem a nos dizer como nos organizamos diante da globalização em prol da reforma agrária. E os sonhos nos faz perguntar que sociabilidade nós temos que conquistar? Um conformismo? Temos que tornar o Estado parceiro.

Autor: Victor da Silva Pinheiro



domingo, 8 de setembro de 2013

A Maratonista Olímpica Perseverança


A Maratonista Olímpica Perseverança


Gabriela Andersen-Schiess é o nome dela
Mas Perseverança é seu apelido
Suíça é o seu país
Mas a História é sua morada

O ano é 1984
A cidade é Los Angeles
O evento é as Olimpíadas de Verão

“Não, não me venham falar de dons...
-Parafraseando o filósofo alemão Nietzsche-
A história dos grandes homens
E mulheres
Foi pautada com muita luta
Trabalho
E sacrifício”

Ela não ganhou uma medalha
Mas ganhou o coração das pessoas no estádio
Do mundo
E das futuras gerações

Não, não se desesperem, senhores médicos
Ainda há esperança
Ela ainda transpira
Anda cambaleando
Mas transpira
Ainda há esperança
E aonde há esperança
Não há desespero
Não há o inferno
Porque a luta é o paraíso.

Pode chorar jovem
Ao ver essa cena
Tuas lágrimas
Serão guardadas
Nos arquivos da vida
Porque tu sabe o que tu tem passado
Tu e Deus sabem
Mas não desista do teu sonho divino
Tua obra falará por ti, por si,
Assim como essa imagem de Gabriela
Vale mais do que mil palavras minhas
Não desista
Porque a luta é o paraíso.

Autor: Victor da Silva Pinheiro