div style="border:1px solid #ccc;padding:10px 4px 3px 4px;text-align:center;background-color:#efefef;">

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

O amor entre o poeta Khalil Gibran e sua amada Mary Haskell



O amor entre o poeta Khalil Gibran e sua amada Mary Haskell


Esse texto são anotações minhas feitas durante uma palestra que assisti de uma filósofa. São palavras dela e meu conseqüente desenvolvimento sobre o tema abordado.


O livro “O Profeta” nasceu das diversas cartas de amor de Mary Haskell. Gibran é libanês de origem muito pobre, e seu pai era alcoólatra. Sua mãe que era analfabeta, pega o seu filho do primeiro casamento, mais Gibran e suas duas irmãs, e vão para os Estados Unidos. Gibran tinha como ofício principal a carreira de pintor, e o ato de escrever era secundário. Interessante notar que foi através da literatura que Gibran ficou conhecido mundialmente, que acabou se imortalizando. Na adolescência volta a Beirute para praticar o árabe, aprende frânces, que era a língua da moda na época, e estuda literatura. Depois de 4 anos volta aos Estados Unidos. Em um ano e meio, perde um irmão e uma irmã pela tuberculose, e a mãe morre do coração. Aos 21 anos conhece Mary Haskell, que tinha na época 31 anos. E a partir daí passam a se corresponder até o final da vida de Gibran. Nessa comunicação, girou em torno de 600 cartas. Ela foi pobre, mas fica rica e vira um mecenas, sem perder a simplicidade. Na primeira carta de Gibran, onde ele comenta seu primeiro encontro com Mary, ele ressalta que não era a primeira vez que a conhecia. Dando a entender talvez que já conhecia ela de outras vidas, sei lá. Na época, Paris era a capital cultural do mundo, como ainda é hoje de certo modo, e Mary patrocina a ida de Gibran para a França com a responsabilidade de cuidar da irmã dele nos Estados Unidos. Ele passa 2 anos em Paris e volta para os Estados Unidos. E pede ela em casamento, e ela recusa. Não se sabe ao certo por que ela recusou. O irmão dela não via com bons olhos o relacionamento dos dois, e por ela ser de uma típica família americana, e ele um estrangeiro libanês, talvez a família dela tivesse algum preconceito com a relação dos dois. Porém, o amor dos dois continua firme e forte. Khalil Gibran escreve o profeta compartilhando cartas com Mary, que o ajuda a formular seu mais famoso livro, corrigindo o livro e o aperfeiçoando. Na morte de Gibran, com 48 anos, Mary se mantém serena, com a convicção que não perdeu ele, pois continua viva no seu coração a chama desse amor, que é eterno.
O mundo é dividido em 3 partes: Espiritual, Alma(ou psique) e corpo(o físico, a matéria). A união só pela parte física é muito breve, se esgota rapidamente. Já a união pela psique, é mais duradoura, porém, também se esgota. Já a união pela parte espiritual, pelo amor a justiça, a bondade, é uma união de almas gêmeas, que se unem pela estrela que olham, e essa estrela os unem. E através dessa união espiritual, une a psique, e o físico, harmonizando os 3 mundos, os 3 aspectos do homem. Esse amor, segundo Platão, pode durar toda uma vida, e até, além disso. Então o amor platônico é aquele que se realiza, que acontece no mundo espiritual. E não precisa ter a conotação sexual para existir o amor platônico, esse amor pode ser de um amigo para outro amigo, de pai para filho, de mestre para discípulo. No livro de Platão “O Banquete”, em que ele fala do amor, ele diz que no início as pessoas eram andróginas, e por causa disso eram pessoas muitos fortes, chegando ao ponto de desafiar os deuses. Então Zeus responde a esse desafio dividindo essas pessoas ao meio. Desde então, uma metade passa a vida toda procurando a outra metade. Para voltarem à unidade, a se unir só que agora servindo ao divino e não mais desafiando o divino. São as almas gêmeas. Cícero, um filósofo e senador romano diz em relação à amizade, que também pode ser usada essa frase com relação ao amor: “Certificasse de que és um fator de soma nas vidas das pessoas, em que participa, certificando que o fato de participamos nas vidas dessas pessoas, deixou essa pessoa melhor.” Almas gêmeas não são um o oposto do outro, mas o complemento. O amor não é um elemento passivo, uma paixão, mas é um sentimento para toda uma vida e além disso, se realizando em si mesmo, não sendo afetado pelo tempo, onde um quer o bem do outro, colocando o outro em primeiro lugar. O amor não tem carência, não quer nada para si, se auto-realiza, como Jesus diz na bíblia: “Novo mandamento vos dou: amai-vos como eu vos amei, não há maior amor do que aquele que doa a sua vida pelo seu amigo, e vos sereis meus amigos se fizeres o que eu vos mando, e eu vos mando isso: amai-vos como eu vos amei. Já não mais vos chamo servo, por que o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho vos chamado amigos. Por que tudo o quanto aprendi com meu Pai, vos tendo dado a conhecer. Não fostes vos que me escolhes, pelo contrário, fui eu que vos escolhi para que vades e deis bons frutos. Se permaneceres meus discípulos, e conhecerás a verdade, e a verdade vos libertará.”
                Nas cartas, um desafia o outro a elevasse. A mulher dar ao homem a sua missão, e vice-versa. Tudo que precisamos está em nós mesmo, que compartilhamos com o outro. Khalil Gibran diz mais ou menos isso no livro “O Profeta”: Cada um deve seguir o seu caminho, subindo a pirâmide, não bebendo do mesmo cálice, almas gêmeas, unidos pela estrela que olham. Khalil Gibran diz em uma das cartas que o verdadeiro relacionamento é o diálogo de 4 vozes: do invisível de um com o invisível do outro, do visível de um, com o visível do outro. Onde que, mesmo que haja atrito no diálogo dos lados visíveis, a alma permanece em paz. O amor é a busca da unidade na multiplicidade, como disse minha mestra Lúcia Helena Galvão. O amor é uma entrega incondicional. E se um ser humano atingiu esse estado de amor, todo ser humano é possível atingir esse estado de amor.

Autor: Victor da Silva Pinheiro



Nenhum comentário:

Postar um comentário