O Mito de Perseu, O filme Fúria de Titãs e minha vida
Em maio do ano de 2010, no mês do meu aniversário de 26
anos, eu vi o filme Fúria de Titãs. Foi o último filme que eu vi antes de ter
uma recaída da minha doença: esquizofrenia. Em meados de março do mesmo ano eu
tinha parado de escutar vozes e ter pensamentos alterados, reflexões alteradas.
Mas o meu arqui-inimigo, que vou chamá-lo aqui de Coringa, voltou a
armar pra mim com força nas ruas, ele e sua turma. Então, eu tive que parar de
lutar nas ruas. A minha luta e terapia era vender cartão de visita de porta em
porta, de loja em loja. Lembro-me que na véspera do meu aniversário, no dia 1
de maio, dia do trabalho, entreguei um presente a minha melhor amiga e única na
atualidade, tirando os colegas, que por coincidência ela faz aniversário no mesmo
dia do meu aniversário. Então, de maio a junho, fiquei em casa... como
posso dizer, em quarentena. As vozes e os pensamentos alterados e as
reflexões doentias voltaram, mas também voltaram às reflexões saudáveis. Não
sei se você sabe leitor, mas os esquizofrênicos, em geral, são muito
inteligentes. As armações agora vieram até meu lar e vizinhança, não da mesma
maneira nas ruas, é lógico, mas de modo diferente. Durante esses dois meses,
descobri que aquela minha única amiga, também era minha única família. O
interessante dessa confusão toda é que minha vizinhança descobriu dentro de
mim, através das minhas reflexões saudáveis, que existia um Perseu dentro de
mim. Aquele mesmo herói da mitologia grega. Mas minha vizinhança continuou
contra mim por que causa dos meus pensamentos doentios.
No filme Fúria
de Titãs (o de 2010 e não o filme da década de 80) que foi baseado no mito de
Perseu, Perseu descobre que é um herói, um semi-deus no caso, metade mortal,
metade divino, ele descobre que tem essa natureza depois que sua família morre
e Hades, o Deus do submundo, com a permissão de Zeus, o Deus dos Deuses, dar um
prazo de 10 dias até acontecer o eclipse para uma cidade que se voltou contra
os Deuses escolher em sacrificar Andrômeda, a princesa da cidade, ou a
destruição total da cidade. Perseu é filho de Zeus, e Hades tem um plano
secreto pra destronar Zeus. Hades, na verdade, faz um falso acordo, pois a
intenção dele é destruir a cidade independente do sacrifício de
Andrômeda. Então, Perseu e uma pequena turma vão as bruxas saber como pode
destruir o Kraken, um monstro da mitologia nórdica que foi usado no filme. É
esse monstro que vai destruir a cidade. As bruxas dizem que tem que ir ao
submundo e cortar a cabeça da Medusa e mostrar ao Kraken. A medusa é
um monstro que, quem olha diretamente nos olhos dela se petrifica,
e seus cabelos representam os desejos e instintos. Seus cabelos são
várias serpentes, que simboliza o conhecimento não direcionado. Uma
única serpente saindo da cabeça do Faraó do Egito simboliza sabedoria, mas
várias serpentes juntas simbolizam o conhecimento não direcionado. Perseu
ainda escuta além do necessário: as bruxas dizem que Perseu está destinado a
morrer antes de cumprir sua missão.
Antes de enfrentar a Medusa, Perseu e sua turma enfrentam algumas
batalhas, inclusive contra escorpiões gigantes. E no caminho Perseu
recebe algumas armas mágicas, como uma espada e a ajuda do cavalo alado
Pégaso. Armas mágicas dadas pelo Olimpo, à morada dos Deuses
gregos. Por fim, a turma de Perseu morre no submundo e só ele sobrevive e
consegue cortar a cabeça da Medusa, olhando não diretamente nos
olhos da Medusa, mas através da parte de dentro espelhada do seu escudo. Ele
olha pra si, e pra Medusa, e consegue cortar a cabeça. Depois, com a ajuda do
cavalo alado vai até a cidade e se coloca entre Andrômeda e o Kraken e mostra a
cabeça da Medusa para o monstro e o monstro se petrifica e não mata Andrômeda e
nem destrói a cidade. Depois, Hades aparece e com ajuda do raio de Zeus, Perseu
e sua espada manda Hades de volta pra o submundo.
Contextualizando com minha vida, eu sou o
Perseu; o Kraken é tudo que o Coringa fez comigo nas ruas, e a medusa são as
armações que chegaram a minha vizinhança e no meu lar, e também é minha
esquizofrenia. Pois, nesses dois meses vivi no submundo, por que escutava vozes
e tinhas pensamentos alterados. Quem olhava pras armações que aconteciam comigo
ficava petrificado, e pra eu vencer as armações e a esquizofrenia eu tinha que
usar a técnica de Perseu, olhar pra um espelho e ver eu mesmo, ver um herói
dentro de mim, e não olhar diretamente pra medusa, que são as armações e a
esquizofrenia. Nessa guerra, descobri que tinhas outros inimigos bem mais
próximos, como Duas-Caras, a Mulher-Gato, a Hera Venenosa, Charada, Pingüim...
dentre outros vilões do Batman, que se encaixa também na minha vida. Antes de
eu ter essa recaída em maio, eu tinha aliados, poucos, mas tinha, mas durante a
recaída só sobrou eu, como no filme só restou Perseu, e como na história do
Batman, em que Batman é um herói solitário. Andrômeda é essa minha melhor amiga
que foi colocada em sacrifício pela cidade, pois só ela acreditava em mim. A
espada de Perseu simbolicamente é minha palavra. O escudo é a fé. E Pégaso, o cavalo
alado, é esse texto que publico para o mundo.
Autor: Victor da Silva Pinheiro
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