O Mito da Caverna de Platão
Imagine uma
caverna grande, úmida e escura. Nessa
caverna vivem algumas milhares de pessoas. Essas pessoas desde que nasceram, vivem
com correntes nos braços, pescoço e pés, em cadeiras enfileiradas de modo que
na frente dessas pessoas há um imenso paredão fino. Semelhante ao cinema
moderno. Por trás das fileiras de cadeiras, há uma fogueira. Entre a fogueira e
as cadeiras passam algumas pessoas com objetos e animais. Os sons dessas
pessoas, objetos e animais ecoam pela caverna até chegar ao grande paredão e
por fim chegar aos acorrentados. A luz que a fogueira emiti bate nessas
pessoas, animais e objetos e nas demais pessoas acorrentadas fazendo surgir
sombras no grande paredão. Essas pessoas acorrentadas vêem essas sombras como se
fossem reais. Pois esse é o único mundo que conhecem. Mais acima da caverna,
como se fosse os camarotes, vivem os chamados amos da caverna. São eles que
controlam todo o esquema. No topo da caverna, existe uma pequena saída pelo
qual o sol emiti um pequeno feixe de luz que chega até lá embaixo, próximo às
pessoas acorrentadas. Porém, entre a
fogueira e o topo da caverna existe um imenso paredão bem íngreme, cheio de
obstáculos, difícil de escalar. Do lado de fora da caverna existe árvores, rios,
o sol... enfim, a natureza e alguns sábios. As sombras mais diferenciadas são
eleitas pelos acorrentados para serem os líderes. Em diversas áreas. Enquanto
as pessoas acorrentadas discutem entre si sobre o mundo em que vivem, os amos
da caverna riem e caçoam deles. Uma das características desses amos é que eles
não costumam aparecer. Não gostam de aparecer. Os amos da caverna é que
controlam todo o esquema e procuram tirar algum proveito da situação dos
acorrentados. Eles vivem em um lugar como se fosse um camarote.
Só que um dos
acorrentados começa a se sentir incomodado. Ele não sabe o que bem é. Depois de
se remexer muito da cadeira, ele percebe que está acorrentado. Ele é visto como
um estranho pelos amigos acorrentados, mas ele não liga, e segue sua intuição.
Se você percebe que está acorrentado, qual sua primeira reação leitor? Se
livrar das correntes. Primeiramente de braços e pescoço. Livre das correntes do
pescoço ele pode olhar de lado e pra trás e vê, as pessoas acorrentadas, a
fogueira, enfim, ter uma visão da
caverna e perceber que esse mundo é uma
ilusão. Depois, consegue se livrar das correntes dos pés. Analise bem: ele
nasceu e cresceu nessa situação, nunca andou. Quando se levante e começa a
andar tem extrema dificuldade. Já está desgastado pelo imenso esforço que teve pra se livrar das correntes. Mas consegue se
adaptar e andar. Sócrates, esse liberto, tenta alertar os outros acorrentados,
inclusive os amigos, porém, sem sucesso. Pois esses acorrentados se julgam
viver em um relativo “conforto” e tomam esse mundo como real. Quando vêem o
estado de Sócrates, todo desgastado
fisicamente e até psicologicamente, dizendo que o mundo em
que vivem não é real, que vivem
numa caverna úmida e
escura, e etc...
alguns acorrentados chegam até a chamá-lo
de louco. Sócrates vê que não vai obter sucesso e vê um pequeno feixe de luz
vindo do topo da caverna, ele decide ir em direção a essa luz. Mas para isso é
preciso escalar um grande paredão íngreme, cheio de obstáculos. Na escalada, de
vez em quando escorrega, cai, e
volta a escalar. Depois de muita luta,
ele chega ao topo da caverna, e consegue sair da caverna. Vê o sol pela primeira
vez, e nesse momento quase fica cego, pois nunca havia visto tanta luz. Depois
de um tempo, ele consegue se adaptar a luz do sol, mas ainda com a vista não
muito boa. Ele vê a natureza, os sábios e etc. Conversa com alguns sábios e vê
que este é o mundo real. Porém, bate um sentimento de misericórdia: e os amigos
e todas
as outras pessoas acorrentadas, vivendo nesta caverna achando que vivem num
mundo real? Ele decide voltar. A descida
foi tão difícil quanto à subida do paredão. Chegando aos amigos acorrentados,
com a vista ruim, todo arrebentado, ele vai tentar libertar alguns
acorrentados.
Porém, a
recepção foi pior do que antes, quando ele tentou alertá-los antes de subir. Vê
que alguns até são capazes de lutar ferozmente para proteger as correntes. Então, Sócrates chega à conclusão que o
segredo é contar aos poucos, começando inicialmente a dizer que estão com os
braços acorrentados, por exemplo. Observa
também que existe algumas pessoas que começam a se questionar e tem uma certa
disposição a ouvi-lo. Essas pessoas são os idealistas. Uma dessas pessoas solta
os braços e o pescoço, e como esse está
numa condição parecida com o amigo acorrentado ao lado, este amigo
acorrentado vai está mais disposto á ouvi-lo. O outro que consegue perceber que está acorrentado e
começa a se remexer da cadeira, conta
pra o amigo ao lado que aquele mundo é uma ilusão e é preciso acordar. Assim
uns vão se soltando, ajudando os mais próximos e também, caminhando em direção
ao feixe de luz. Criando assim uma corrente discipular de mestres e discípulos.
O que se solta é o filósofo. A luz do sol é a verdade. O que desce para ajudar
os outros acorrentados é o político. As sombras, o mundo da ilusão. A luz da
fogueira, os nossos desejos. As correntes, a ignorância. Os amos são aqueles
que controlam e mantém o mundo da ilusão tirando algum proveito da situação. Os
acorrentados são a humanidade. O caminho da escalada até a luz do sol está cheio perigos: diversas
crenças estranhas, ideologias confusas, materialismo e/ou misticismo em
excesso, armadilhas etc. Esses são os obstáculos.
A filosofia vem pra proteger esse idealista
que está se
remexendo da cadeira, mostrar
atalhos seguros na escalada, até chegar ao topo da caverna e voltar.
Esse é um resumo
do Mito da Caverna, o capítulo VII do livro “A República”, que é de autoria do
filósofo grego Platão. Mesmo escrito no século IV a.C., continua atual. Aliais,
existem várias obras que se referem a esse mito como o filme Matrix e o livro
Alice no País das Maravilhas.
Questione-se:
será que os muitos líderes do presente e do passado, não são as sombras do Mito
da Caverna? Ou são os amos? Será que não está faltando filósofos na política?
Não só na política como em outras áreas? E como distinguir a verdadeira
filosofia da falsa filosofia? São muitas as perguntas. Os antigos já diziam que
a filosofia é a mãe de todas as ciências,
e que a reposta está dentro de nós. É só procurarmos nos tornar, verdadeiramente, o que somos:
seres humanos. Assim sendo, reconheceremos facilmente, quem
é quem e qual caminho seguirmos. Como diria Sócrates: “Conhece-te a ti mesmo e
conhecerás as leis que regem o universo e o homem”.
Autor: Victor da Silva Pinheiro
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