Sócrates e a Humildade
Esse texto são anotações minhas feitas durante uma palestra que assisti de um filósofo. São palavras dele e meu conseqüente desenvolvimento sobre o tema abordado.
Sócrates nasceu em 470 a.C. e morreu em 399 a.C., então viveu 71 anos na cidade
de Atenas, na Grécia. Filho de Sofronisco, um escultor, e de Fenareta, uma
parteira, Sócrates dizia que enquanto sua mãe dava a luz pessoas, ele dava a
luz a idéias, e para uma mulher dar a luz ela tem que está grávida; mesma coisa
com o homem, que para Sócrates dar luz a idéia, a idéia tem que está já dentro
do homem. Alguns estudiosos dizem que Sócrates era analfabeto só por que não
deixou nada escrito; porém, Sócrates dizia que a linguagem escrita era muito
inferior a oral, por que na escrita alguém podia ter uma dúvida na hora e com
quem ia tirar essa dúvida? Por isso ele preferia dar aulas ao ar livre, para
quem quisesse ouvir, na Ágora, a praça principal de Atenas. Ele dizia que mesmo
que um homem só o escutasse por dez minutos na vida, isso poderia lhe servir
para as vidas seguintes, já que os gregos antigos acreditavam na reencarnação.
Sócrates teve
uma educação simples, que todo ateniense teve: gramática, matemática, geometria
e a educação de guerreiro. Inclusive ele, Sócrates, foi um guerreiro muito
valorizado e serviu bem a cidade. Um exemplo desse espírito guerreiro foi dado
a uma pessoa que lhe foi questionar por que Sócrates vivia de maneira tão
simples e comia e bebia como uma pessoa bem simples e não tinha nada de
requintado. Então ele disse que quanto maior a fome, menor a necessidade do
tempero e quanto maior a sede maior a necessidade de beber. E que numa guerra,
ia mais precisar de Sócrates que tinha uma vida simples do que uma pessoa
requintada. Aquele que estaria, segundo, com menos necessidades, estaria mais
próximo da perfeição. Os principais discípulos de Sócrates foram Platão e
Xenofonte, que deixaram livros falando de Sócrates. Ele teve três filhos e foi
casado. Inclusive tem histórias interessantes entre Sócrates e sua mulher.
Dizem que a mulher de Sócrates era temperamental e às vezes a viam falando alto
com Sócrates em plena praça pública dizendo que para trazer dinheiro para casa
e parar de filosofar, ou deixar para filosofar outra hora, ele era jardineiro.
Outra história diz que quando ele foi condenado à morte, sua mulher foi lhe
questionar dizendo que ele ia morrer injustamente, e Sócrates disse para ela:
“E você queria que eu morresse justamente?” Sócrates na filosofia teve contato
com os sofistas, que, digamos assim, eram arqui-rivais da filosofia clássica.
Ele então no final da vida sofreu duas acusações: de corromper a juventude, e
de incluir novos deuses a religião grega. Sócrates dizia que escutava uma voz divina
que lhe dava conselhos, era na verdade um gênio, que ele chamava de daimon. Um
desses conselhos era se afastar da política para viver mais e filosofar mais e
assim ajudar o próximo, e o outro era escrever poesia que ele entendeu como
filosofar e só foi escrever poesia nos últimos 30 dias de vida. Mas antes da
acusação, com 50 anos, foram questionar com o oráculo de delfos, quem era
Sócrates. O
oráculo de delfos era a representação do Deus Apolo na Terra. Apolo era um Deus
do sol interior, do sol da consciência, que nada é dado de graça. Enquanto o
Deus Hélio era o Deus do sol físico, aquele sol que ilumina os justos e os
injustos que a tudo ver, como uma criança que conta tudo o que ver. Então o
oráculo respondeu que Sócrates era o homem mais sábio da Grécia. Quando foram
dizer isso a ele, ele não aceitou e foi às ruas fazer questionamentos ao povo
sobre os assuntos mais complexos, e ninguém teve a humildade de responder: “Eu
não sei”. Então ele chegou à conclusão que não era Sábio por que sabia mais,
mas por que “sabe que nada sabe.” E assim surgiu sua famosa frase: “Só sei que
nada sei.” O oráculo o via como um modelo para o homem. Então chegamos à
conclusão que sábio é todo homem que sabe que nada sabe, todo homem que como
Sócrates tem consciência de sua própria ignorância. Aliais, a principal regra
do diálogo é: amor a verdade e saber que nada sabe. Imagine que a verdade é uma
árvore no topo da montanha e vários alpinistas tentam escalar essa montanha, e
quanto mais próximo um alpinista tá do topo maior pedaço da verdade ele ver,
mas que tá na base da montanha só ver uma folha e acha que aquilo é a verdade
quando na verdade é um pedaço da verdade; mesma coisa na vida. Mas voltando...
Aos 71 anos Sócrates foi julgado por uma assembléia em Atenas que não o queria
matar e lhe deu a opção de escolher sua própria pena, e ele na sua
magnanimidade, que é a correta posição da alma em relação à honra, segundo
Aristóteles, que é a fuga do excesso da presunção e da falta, que seria um
complexo de inferioridade; Sócrates então disse que merecia ser sustentado como
um herói de Atenas, pois, para a época que viveu ensinar em praça pública para
os jovens, princípios, virtudes e valores, era um ato de heroísmo.
Complementando Aristóteles: a honra não está em receber o prêmio, mas em
merecê-lo. Vou abrir um adendo para uma historinha de um livro de uma criança,
uma menininha. Nessa historinha tinha uma menininha muito curiosa que quer
saber de tudo e os pais não sabem mais o que fazem então eles vão se questionar
com uma anciã que os aconselha a ir respondendo a menininha, até que certo
ponto eles não sabem responder e a anciã os aconselha a pesquisar com ela, e
nessa história toda a família muda por que entrou a filosofia na família e a anciã
diz que a menininha depois disso tudo está destinada a ganhar um prêmio, depois
de um tempo, os pais dela vão perguntar a anciã que prêmio é esse, e ela disse
que ela já ganhou o prêmio. Então os pais vão perguntar a menininha que prêmio
ela ganhou e ela diz que o prêmio é viver no mundo tão interessante. O
reconhecimento não é externo, mas interno.
Mas voltando...
Então a Assembléia de Atenas se recusa a oferecer essa pena a Sócrates e contra
a vontade da Assembléia lhe dar a escolha entre a morte ou parar de ensinar
filosofia; homens como Sócrates não são apegados ao corpo, mas a idéia, então
ele se recusa a parar de ensinar e a Assembléia o condena a morte e a tomar
cicuta depois de trinta dias do veredito final, pois estavam em épocas de
festividade. Nesses últimos 30 dias Sócrates se questiona sobre a morte e diz
que quem tem medo de morrer é por que não sabe o que é a morte, pois só depois
de morto saberemos o que é a morte. Finalizando, o que Sócrates precisava para
ser feliz? Era homem e era ateniense. E para finalizar, quem acha que não
existe vida depois da morte é semelhante à Psiquê, na mitologia grega, que foi
destinada a seu pai a ser levada a um alto de uma montanha para se casar com um
monstro, pois o Pai não conseguia casar a filha com ninguém e o oráculo
aconselha o pai dela, Psiquê, a se casar com um monstro num alto de uma
montanha. O pai confia cegamente na divindade do oráculo e leva sua filha para
lá. Chegando lá o monstro se revela como Eros, o Deus do amor, o Deus mais belo
da mitologia grega que se casa com Psiquê. Isso simboliza que o amor
inicialmente pode ser revelar um monstro, mas depois se revela sua beleza em
sua magnanimidade quando depois de muito esforço o pai e Psiquê conseguem
escalar a montanha. O amor é algo muito mais forte do que se imaginam, alguns
sentem isso em uma pessoa, outros pela humanidade. Por fim, digo que a
verdadeira humildade está em reverenciar o mistério e conhecer a si mesmo. O
verdadeiro homem simples não é aquele que tem mais títulos, mas o mais honroso.
E para fechar com chave de ouro, três frases de Sócrates: “Homem, conheci-te a
ti mesmo e conhecerás as leis que regem o universo e o homem”. Quando foram
perguntar a Sócrates sobre a amizade, ele disse: “Já sabemos quem são nossos
amigos.” E para conhecer nossos amigos, seguiremos essa última frase de
Sócrates: “Fala, para que eu te conheça!”
Autor: Victor da Silva Pinheiro
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