div style="border:1px solid #ccc;padding:10px 4px 3px 4px;text-align:center;background-color:#efefef;">

domingo, 15 de agosto de 2010

Confúcio e a busca da sabedoria interior


Confúcio e a busca da sabedoria interior


Esse texto são anotações minhas feitas durante uma palestra que assisti de um filósofo. São palavras dele e meu conseqüente desenvolvimento sobre o tema abordado.


 A doutrina fundamental do confucionismo se ocupa principalmente com a vida dos indivíduos E as suas relações em sociedade. Ensina os homens como devem viver e por que viver individualmente em sociedade.
            Confúcio nasceu em 551 a.C. no declínio da grande dinastia Chou. Confúcio é o nome latinizado de Kung Fu Tzé. O Pai de dele foi Shu Liang, de 70 anos, antes magistrado e guerreiro. Sua mãe foi Yen Chêng Tsai, de 13 anos. A união do pai com a mãe simboliza a união da sabedoria (velhice) com a força da juventude. Seu pai morreu quando ele tinha 3 anos e sua mãe morreu quando ele tinha 10 anos. Após ter ficado órfão e aprendido os ofícios humildes Confúcio foi educado como um cavalheiro. Desde cedo praticou a arquearia e a pesca com anzol. Tinha 2 verdadeiras paixões: música e a vontade de aprender. Estudou os clássicos da sua cultura, história, poesia, e principalmente o I Ching. Em 535 a.C. aos 17 anos, assumiu um cargo no estado de Lu. Promovido a “oficial superior” Sob as ordens do “diretor dos lazeres”. Aos 19 anos se casou, teve dois filhos, um casal, divorciando-se alguns anos depois. Futuramente seu filho se tornaria seu discípulo. Por volta dos 22 anos abriu sua própria escola.
 Aos 25 anos já era conhecido por todo o ambiente cultural da época. A sua escola era aberta tanto para o povo quanto para os nobres. Visitou a capital celeste e se encontrou com Lao-Tsé, o fundador do taoísmo. Segue abaixo o diálogo dos dois: Confúcio: - Meus olhos estão turvos e não posso confiar-me neles. Vejo-te como uma árvore seca, abandonada de todos e a viver solitária”. Lao Tsé: - “Sim; abandono meu corpo enquanto viajo sem parar pelas origens das coisas. Mas que desejas?”. Confúcio:- “Venho em busca de uma doutrina que possa melhorar a sorte dos seres humanos; um método para instruí-los e transformá-los. “ O Velho (Lao-tsé)”sorriu e ajuntou: - Os animais que se alimentam de ervas procuram por acaso melhorá-las? Os seres que vivem na água se preocupam em que ela seja melhor? E falas-me em melhorar os seres humanos. - “- Eles sofrem e eu queria fazê-los felizes. - “- “Se a alegria e os pesares, se o descontentamento e a satisfação não perturbassem o espírito dos homens, estes se pareceriam então com o universo. A fronteira entre a felicidade e a desgraça desapareceria. Quando os homens compreenderem que o seu bem maior é serem semelhantes a todos os outros seres vivos serão felizes e não poderão perder esse bem: transformar-se-ão sem procurar fixar-se.” - Confúcio objetou : - -“Por tua virtude, unirias Céu e Terra. Mas a palavra, pela qual se modifica o espírito, e a nós transmitida pelos sábios antigos, é possível despojar-nos dela?. - “Quando se trata do homem, com efeito, há que considerar que sua carne e seus ossos perecerão e se dissolverão, ao passo que suas palavras podem ser transmitidas enquanto existerem seres humanos. - “Lao Tsë refletiu e continuou : - “-Mas sem desembaraçar-nos da palavra, basta praticar o Não-Agir para que nossos verdadeiros talentos por si mesmos se revelem. Se o homem jamais procurasse modificar ascoisas, estas não se alteraria por si mesmas; a terra é compacta por sua própria natureza; o sol e a lua, que brilham por si, pretendes modificá-los também? - E acrescentou: - - “Para conservar-se branca, a cegonha não precisa lavar-se;- nem o corvo, tingisse de negro. Por que os homens teriam necessidade de estudar e inventar para penosamente modificar-se? De que lhes serviria isto? . Seria o mesmo que tocar o tambor para fazer ressuscitar um carneiro. - “Lao Tsé mudou o assunto e perguntou a Confúcio quais as tradições que estudara. - Respondendo que havia dedicado horas ao estudo de “ I Ching “ e o “Laço das Mutações”, que ancestrais sagrados haviam estudado, Lao Tsé afirmou: - “Esses princípios são a Eqüidade e a Reciprocidade, admiráveis regras sem dúvida. - “_ “Certo. Em minha opinião, porém, esses princípios, não são admiráveis. Do mesmo modo que os mosquitos, que durante a noite não nos deixam dormir e nos picam, Eqüidade e Reciprocidade não servem senão para conturbar e irritar o coração do homem. Com esses princípios, transtorna-se o caráter do povo, eis tudo. Não se mudará em nada o seu infortúnio.- “Indagou, Lao tsé, se Confúcio havia elaborado alguma doutrina e este declarou : - - “Desde os vinte e sete anos estou em busca de uma e ainda a não encontrei.- ” O Velho “ disse então : - - “Vou dar-te quatro que são universalmente seguidas. A primeira : deixar-se tomar, e os homens deixam tomar-se; é a doutrina que os senhores ensinam. A segunda ordena deixar-se importunar e todos os homens deixam importunar-se; é a doutrina ensinada pela família. A terceira manda acusar-se mutuamente e brigar uns com os outros, e todos os homens acusam-se uns aos outros; é a doutrina da fraternidade. Finalmente, a quarta determina trabalhar sem proveito para transmitir uma instrução vã e transmite a instrução; é a doutrina dos letrados. Não se pode delas escapar nem encontrar outras. - “- “Apesar disto, os sábios elaboraram doutrinas e tu mesmo”... - Interrompeu-lo Lao Tsé : - -“Quando um Sábio chega ao momento de triunfar, ele trinfa. Até que le surge a ocasião, permanece sem influência. Da mesma maneira que a melhor semente, quando ainda não germinou, fica escondida debaixo da terra que parece nua. - “Levantando-se cortesmente para acompanhar o visitante, “o Velho” finalizou : - “- Sempre ouço dizer que as pessoas ricas ou poderosas ao despedir-se dos hóspedes lhesoferecem objetos de valor; aquelas que têm apenas ciência proferem palavras preciosas. Não sou rico nem poderoso e roubaria o renome de sábio. Não obstante, posso dizer-te isto : os homens inteligentes, os dotados de visão profunda das coisas, e mesmo aqueles que se avizinham do fim da vida gostam de criticar tudo e todos. Desse modo, porém, colocam em perigo o próprio corpo e atraem sobre si o ócio dos demais. Nada ganha o Sábio que se mistura no meio dos homens, mas pode tudo perder o ministro que o faz. - “Confúcio despediu e partiu para Lu, na manhã seguinte e durante três dias não disse palavra. Intrigado com o prolongado silêncio cheio de meditação, um discípulo dirigiu-se com perguntas ao Mestre. E ele reportou:  - “Acabo de ver um homem que alça a grandes alturas os seus pensamentos, que mais se assemelham ao voar de pássaros no azul. De minha parte, gosto de lançar os meus, um a um, como dardos de ala barda, sem errar jamais o alvo. Gosto que meus pensamentos fiéis sigam um caminho sempre rasteado e alcancem sempre a presa. Acabo de ver um homem cujas idéias são tão misteriosas e inacessíveis como um abismo. Gosto que minhas idéias possam ser pescadas na ponta de uma linha e satisfaçam. Dos pássaros, sei que podem voar: é o que os distingue. Os peixes, sei, podem nadar; os quadrúpedes , galopar. Mas, sei também que posso pegar com uma armadilha o que galopa; com rede o que nada e, com flechas, o que voa. Com referência aos dragões, se eles voam com a tempestade ou cavalgam as nuvens na imensa pureza do céu. Vi Lao Tsé como quem contempla um dragão. O queixo caiu-me e não pude respirar. Meu espírito, extraviado, não sabia onde pousar. Taoísmo e Confucionismo se complementam. Em Lao tsé: o mundo era um meio para provar aos homens a fragilidade dos sistemas e valores fundamentais da matéria.
Em Confúcio: sem esquecer-se de deixar perceber esta verdade única, confiava na formação do homem através da organização, ordem, política, virtude. Com 35 anos, viu sua carreira interrompida pela guerra. Escreveu seus ensinamentos depois dos 43 anos. Aos 51 anos foi indicado como funcionário chefe da cidade de Chung Tu, e alcançando o cargo de ministro da justiça. Aos 55 anos desiludido com o rei pois esse se distraiu facilmente com um harém e ficou desleixado com o reinado, então Confúcio partiu numa jornada de 13 anos visitando os estados vizinhos e falando aos senhores feudais sua idéias. Regressou a sua terra natal aos 68 anos, onde continuou se dedicando ao ensino. Chegou a ter 3000 alunos. Confúcio morreu em 479 a.C. com 72 anos. A partir da dinastia Hanc 206 a.C./220 a.C. diversos governantes passaram a se inspirar nas idéias de Confúcio. Livros de forte influência: Livro das odes: 305 poemas que falam sobre a motivação humana, e as qualidades de gentileza, caridade, sinceridade. Livro da história: discurso e orações; ensina os eventos e amplitude da compreensão humana. Livro dos rituais: procedimentos cerimoniais ensinam respeito, modéstia e serenidade. Os anais da primavera e outono: crônica anual dos eventos do estado natal de Confúcio, Lu, de 722 a 481 a.C. Ensina deveres e os poderes diferenciação e julgamento. Livro da música: ensina harmonia, generosidade, tranqüilidade. Esse livro foi perdido. I Ching, o livro das mutações: livro filosófico e de adivinhação, yin e yang, ensina a sutileza, refinamento e uma combinação de confucionismo da sociedade com a visão taoísta da natureza. Princípios: O modelo do sábio segundo Confúcio é harmonizar o celeste e o terrestre, regular a vida do homem e da sociedade aplicando as leis naturais. “O maravilhoso e transcendental é que se tudo teve origem no perfeito, também dentro do próprio ser humano se encontra a lei e os reflexos da lei da natureza”. “Buscar essa lei do céu é à base de todos os deveres”. Ele viu que a integridade pessoal dependia totalmente da capacidade individual de influenciar a sociedade para ao bem. Fiel a sua visão dedicou-se ao serviço público; para ele tantos os bens nascidos quanto os humildes tinham que ter a mesma educação e oportunidades. Ensinamento: ritos tradicionais, música, literatura, história, seu objetivo principal era treinar pessoas para atuar no governo.
A educação concentra na cultura e virtude pessoal, para formar ministros de estados. Atividades rituais, regras de conduta tradicionais apropriadas às boas maneiras. A realização de rituais encorajava o comportamento apropriado. “Yi”, é o conceito confucionista de retidão, implicando o comportamento justo e apropriado. “Jen”, é o conceito confucionista de humanidade, bondade, e benevolência, envolvendo a compaixão pelos outros. Significa ser humano, cavalheiro. Agir corretamente promove a humanidade. Isso não significa sacrificar-se totalmente e ser gentil com qualquer um que seja quem for. Sinceridade: você tem o direito de usufruir as coisas boas da vida, contando que obtenha pelos meios apropriados. Confúcio acreditava que a posição de cada um na sociedade tem que ser claramente definida. A coesão da sociedade é mantida por 5 tipos de relações sociais: Marido e mulher, pai e filho, governante e súdito, irmão e irmão, amigo e amigo. E assim combater a desintegração da sociedade. Importância do equilíbrio, média constante, chung yung: A doutrina do meio, a idéia por trás da média constante é “faça tudo corretamente, mas não exagere nada.” Como subordinado seja respeitoso, mas não serviçal. Como líder seja dominante, mas não autoritário. Para Confúcio a sinceridade é crucial em todas as ações, sem sinceridade todas as capacidades e atributos não passam de fachada. O espírito público também é importante; respeitar o nosso limite para não atingir o outro. Buscar a harmonia do todo. O principal livro de Confúcio é os “Analectos”, aqui vai abaixo uma das frases do livro: “Estudar sem refletir é perda de tempo, refletir sem estudar é perigoso.” “É inútil tentarmos ajudar aquele que não quer ajudar a si mesmo.” “Minha doutrina se resume em uma só coisa, que abrange tudo. Toda a sabedoria consiste em aperfeiçoar-se a si mesmo e amar os outros como a si mesmo.” “O bom mestre é aquele que, repetindo o antigo, é capaz de encontrar aí o novo”.

Autor: Victor da Silva Pinheiro



Nenhum comentário:

Postar um comentário