Cisne Negro: as 3 formas de atuar
O
filme fala da saga de uma bailarina para interpretar a peça: O Lago dos Cisnes.
Quem faz o papel de Nina, a protagonista, é Natalie Portman, que ganhou um
Oscar por sua interpretação e ganhou também um Globo de Ouro. O Lago dos Cisnes
conta a história de uma duas garotas irmãs gêmeas que tentam ganhar a companhia
de um príncipe para esse quebrar o encanto de Cisne das irmãs gêmeas. Cisne
Branco inicialmente, com sua graça e bondade consegue encantar o príncipe, mas
depois sua irmã gêmea Cisne Negro, com sua malícia e sensualidade seduz o
príncipe. Cisne Branco por causa da perda do seu amado príncipe e da
impossibilidade de quebrar o encanto de ser Cisne Branco se mata e finalmente
consegue a liberdade que tanto queria. A história é muito mais complexa e mais
longa do que retratei aqui e me desculpem se errei em algo ao resumir a
história do Lago dos Cisnes, mas quem quiser saber mais, sugiro pesquisar, eu
peguei a história do início do filme, quando um dos personagens resume a
história do Lago dos Cisnes. Vamos ao filme: Nina é perfeita para o papel de
Cisne Branco, mas precisa aperfeiçoar ainda mais seu lado “negro” se assim
posso chamar, para poder interpretar a irmã gêmea Cisne Negro. Com grande jogo
de psicologia e com grande dedicação de Nina, ela até se aventura na noitada,
nas boates, para poder “encarnar” e sentir a alma da Cisne Negra. A saga de
Nina fala um pouco da saga dos atores e atrizes para interpretar personagens
complexos. Existem 3 maneira de interpretar um personagem: encarnando um personagem,
esse é o jeito perigoso pois você encarnando o personagem pode se confundir com
o personagem. Quantos casais vemos se unindo em filmes, e novelas, e quando
acaba o filme, a novela, se separam. Foi por que encarnaram o personagem, e no
fim da peça, eles se voltam para si mesmo, e aquele encanto se perde.
O outro jeito de
interpretar um personagem é você saber a toda hora quem é você e quem é o
personagem. Você conduz o personagem como num teatro de máscara. Um exemplo de
uma grande atriz é a brasileira Fernanda Montenegro, que concorreu ao Oscar
pelo filme “Central do Brasil”, que nos Estados Unidos se chamou “Central
Station”. E o terceiro modo e mais perigoso de interpretar qualquer papel de
filme, novela, teatro... é você encarnar o personagem mergulhando profundamente
na sua psicologia e não só no momento da encenação, mas no treinamento e no
dia-a-dia, você ser o personagem consciente que não é o personagem. Geralmente
as conseqüências são fantásticas no filme, mas pessoalmente pode ser perigoso, pois
você vai ter adquirido hábitos mentais do personagem e vai se enraizando na sua
psicologia e depois que acaba o filme, fica difícil conviver com isso dentro de
você e você tem que se libertar do personagem. O modo mais indicado de
interpretar o personagem é sendo você conduzindo o personagem e sabendo toda
hora quem é você e quem é o personagem. É o modo mais seguro e mais eficaz. No
filme “Cisne Negro” a personagem convive com dramas psicológicos sobre ela
mesma e está tão direcionada ao papel que vai interpretar que acaba tendo
ilusões psicológicas para encontrar um meio de interpretar o Cisne Negro. A
saga do filme fala um pouco da saga de muitos atores na aventura de interpretar
papeis complexos. Nina é uma bailarina perfeita, mas precisa ser mais quer
perfeita para interpretar Cisne Negro, um lado novo para ela. Eu li uma pequena
entrevista de Natalie Portman sobre esse filme e o quanto ela dedicou e se
disciplinou para interpretar o personagem de Nina, e Nina aplica essa mesma
disciplina no filme, com exageros, e às vezes saindo da linha como indo na
noitada, na boate, mas até ai tinha haver com os dois personagens que ela iria
interpretar; sentir o calor do dia e o frio da noite dentro de si, de duas
irmãs gêmeas que são totalmente diferentes entre elas. Quando li essa
entrevista, vi que devo aplicar a mesma disciplina na minha vida para conseguir
me realizar nesse grande filme que é a vida. Procurar outras guerras, para
guerrear o bom combate. Resultado: ela ganhou um Oscar e um Globo de Ouro e outros
prêmios, e minha recompensa imitando sua disciplina é ser professor de
geografia e mudar as mentes das pessoas através da cultura, para que elas
mesmas possam mudar suas vidas, eu só vou ser um guia, como diz Morfeu a Neo no
filme “Matrix”: “Eu só posso lhe mostrar a porta, mas é você que tem que
abrir-lá.” Como diz o geógrafo francês Yves Lacoste: “Geografia: isso serve, em
primeiro lugar, para fazer a guerra!” E todos nós temos uma guerra a lutar: a
da nossa vida. Por isso escolhi geografia, para ajudar os outros a combater o
bom combate, com estratégia. Vou ser um líder em sala de aula e fora da sala de
aula também.
Mas voltando ao
filme, às vezes temos que lutar contra nossas trevas interiores, e é o que
acontece com Nina no filme. É o que os alquimistas chamam de descida ao
inferno, a obra em negro. Depois da constatação de quem somos, vem à
purificação a obra em branco, e depois vem a transmutação, a obra em vermelho,
que simbolicamente acontece essas 3 obras no final do filme. Só que de maneira
invertida: primeiro ela se purifica mostrando quem é a Cisne Branco. Depois
desce ao submundo e mostra quem é a Cisne Negro. E depois a Cisne Branco volta
e morre, e se liberta do encanto. Só que o ideal era ela encontrar outro
príncipe para libertá-la do encanto de ser Cisne Branco. Ai sim seria a
transmutação verdadeira e a obra em vermelho em si. A união do casal
simbolizaria a maturidade do casal, pois não se pode querer um príncipe se você
não for uma princesa, e vice-versa.
Autor:
Victor da Silva Pinheiro
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