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sábado, 9 de abril de 2011

Diálogo entre Sarah Cristã e Severino Pagão: mitologia grega



Diálogo entre Sarah Cristã e Severino Pagão: mitologia grega


Esse texto são anotações minhas feitas durante uma palestra que assisti de uma filósofa de Brasília. São palavras dela e meu conseqüente desenvolvimento sobre o tema abordado.


- Sarah, os gregos viam o mundo em 3 formas: Nous (o equilíbrio espiritual), Psiquê (o equilíbrio humano), e Soma (o equilíbrio físico). Sendo o símbolo ligado a Psiquê, o mito ao Nous, e o rito ao Soma. Onde através do símbolo vamos ter acesso ao mito. E se você não tem essa visão maior, superior, você só vai ver o símbolo de forma superficial. O poder vem através dos Deuses, segundo a visão grega. Filósofos que falam sobre esse assunto, têm: Hesíodo, Ésquilo, Sófocles, Eurípedes, e o mitólogo Junito Brandão. Além do livro: “O livro de ouro da mitologia”, dentre outros livros e autores.
          - Severino, não conhece tanto de mitologia como você, mas pegando uma tangente ao assunto, os escritos da tragédia grega não tinham a intenção de agradar o público, mas transformar as pessoas em pessoas melhores ao final do espetáculo.
- Já na época de Sócrates, os gregos começaram a se perguntar: “Podemos se comunicar com os Deuses?” Se fizesse essa pergunta a um egípcio antigo, ele ia rir, pois para os egípcios era inconcebível a ideia de vida sem uma ligação com a divindade. Hesíodo esclarece ao irmão Perses depois que o irmão recebe uma herança e gasta toda a riqueza no meio do mundo com coisas banais, que teve um motivo para Perses fazer isso. Como também teve um motivo para Perses voltar a morar com o irmão e pedir sua ajuda. Hesíodo tentar levar ao irmão ao esclarecimento sobre o que aconteceu com ele citando a mitologia grega e seus ciclos. Ele fala que no início da humanidade as pessoas viviam a época de ouro, onde havia ouro no coração dos homens. E esse ouro é a sabedoria. Depois veio a idade de prata, onde se prezava mais a honra. Depois veio a idade de bronze, onde se prezava mais a riqueza. E por fim a idade de ferro, onde havia ferro nos corações dos homens, uma época altamente materialista, e era a idade que Perses e Hesíodo viviam, e explica por que Perses gastou sua riqueza com coisas banais. 
- Biu, me lembra uma passagem da bíblia, da parábola do filho pródigo, que depois que pegou a sua herança com o pai, foi ao mundo e gastou todo a riqueza com coisa banais ao ponto de ir viver com os porcos, então ele volta pra casa do Pai, que oferece a melhor ovelha pra ele, o irmão enciumado pergunta: "Eu sempre respeitei os mandamentos e estive contigo, por que toda essa generosidade com ele?" E o pai responde: "Seu irmão estava morto e agora vive, estava perdido e agora se achou".
Pois é, continuando, entre a idade de bronze e a idade de ferro existe a idade dos heróis, e Hesíodo tenta usar o simbolismo do herói na Grécia antiga, para elevar a condição de Perses a mero mortal, para a condição de homem de verdade. A condição de ser humano. Como os mestres divinos estão muito distantes de nós, eles enviam os heróis que está numa condição parecida com a nossa e são mais fácies de serem imitados. Pois o herói é uma ponte entre nós e a divindade. Não está na nossa condição, mas também não é um Deus, é um meio termo e mais fácil de ser imitado. Imitarmos as suas virtudes e não defeitos, que fique bem claro. Pois os heróis são humanos como nós e tem defeitos, porém o herói nos faz lembrar que existe um Deus dentro de nós. E essa concepção de mundo faz nós mudarmos para pessoas melhores, superiores ao mundo de hoje e olharmos as coisas como uma águia. Como você disse que diz na bíblia em nosso outro diálogo, no velho testamento: “E sejais como uma águia!” E também diz no velho testamento, na bíblia, no livro do gênesis, capítulo 6, versículo 4 que “os heróis são filhos de deuses com mortais, e por isso são tão aclamados pela humanidade.” Como os mestres divinos, ou como a tradição hindu chama de avatares, estes, estão muito distantes de nós, e para nos aproximarmos deles, eles enviam os heróis, que servem como escada para o céu.
- Você falando desse conceito de herói, me lembra os santos e santas do cristianismo, para nós, cristãos, esses santos e santas são nossos heróis.
- Então, mergulhando agora na mitologia grega: o Caos gera as primeiras divindades. Mas antes de tudo existia o ovo cósmico. E desse ovo cósmico, surge Eros, o amor, que está entre Gea e Urano, que surgiram da repartição desse ovo cósmico. Eros é o amor primordial. Que é uma forma de amor o mais abstrato que você possa imaginar. Também é gerado nesse início o Tártaro, o lado mais profundo do Hades. Lembremos que para Hércules entrar no Hades, no submundo, na morada dos mortos, ele entra com Atena, a deusa da sabedoria, aquela que tudo ver, e Hermes, o mensageiro dos Deuses, que simboliza qual caminho se deve percorrer. Também surgem do Caos as trevas profundas. Só uma tangente ao assunto: hoje vemos o Hades de uma maneira preconceituosa, e imaginamos viver no céu dos preguiçosos, onde vamos viver no maior conforto possível sem fazer nada recebendo tudo de bom e do melhor. Esse não era o céu imaginado pelos antigos. Tantos que algumas tradições falam de um céu depois da morte onde ainda existem batalhas.
- Eu sei, o Céu para nós cristãos está ligado a algo como servir, quem reinará na Terra são aqueles que vão servir, pois Jesus disse na bíblia: "Eu não vim ao mundo para ser servido, mas para servir.
- Não estamos preparados para ver as divindades como elas realmente a são. Tanto que as divindades quando querem se mostrar ao ser humano usa o véu. Porém, na tradição hindu, Krishna, um avatar, ao fazer um pedido de Arjuna para se mostrar a ele como realmente é, Arjuna fica tão agoniado de ver aquela cena, e pede para krishna voltar a forma que estava antes de se mostrar como realmente é: tudo. A divindade inclui tudo: bem e mal. Aliais, a divindade está acima do bem e do mal. Como disse Nietzsche: “Aquilo que se faz com amor faz-se sempre além do bem e do mal!” Depois através de Gea, surge outras divindades, como Montes, que simboliza aquilo que de mais elevado há em nós, e onde está o Olimpo, a morada dos deuses gregos. No hinduísmo, antes da batalha de Kuravas e Pandavas iniciar, Krishna eleva o carro de guerra acima dos dois exércitos, para que o guerreiro Arjuna possa ver as coisas por cima. E ali Krishna tenta convencer Arjuna a iniciar a luta contra os Kuravas. Mas Arjuna não quer lutar, pois os kuravas são seus parentes. E assim é na nossa vida, uma luta entre virtudes e defeitos, ambos nossos parentes que cresceram junto, dentro de nós e que é necessário que iniciemos a guerra para derrotar os nossos parentes defeituosos para conquistar a cidade de Hastinapura, que quer dizer: cidade do elefante. O elefante na tradição hindu é símbolo da sabedoria. Pois tem orelhas grandes e boca pequena, pois mais escuta do que fala, tem o peso do saber e a leveza de deixar um formigueiro passar. E ao grito da matriarca, da líder, todo o bando a segue, assim como os discípulos seguem os sábios. Voltando a mitologia grega, Eros provoca a manifestação do ser a volta a unidade. O Hipérion representa o espírito do sol. Hélio seu filho simboliza o sol físico, aquele que tudo ver. Quando Hélio contava uma verdade todos ficavam sabendo. Pois o sol ilumina os justos e injustos. É o sol das crianças, quando ver algo, vai logo contando. E Apolo, que é da terceira geração de deuses, filho de Zeus, simboliza o sol interior. Outra divindade é Prometeu e Epimeteu. Prometeu é aquele que pensa antes de agir. Já Epimeteu é aquele que age e depois pensa. No início Urano enterra seus filhos, talvez por que seus filhos não estão suficientes maduros ou não estão densos o suficiente. Gea então dar a seu filho Crono uma foice e então Crono castra seu pai Urano. Então Urano deixa a função de gerar descendentes e fica responsável de zelar pela humanidade, simbolizado pelo céu estrelado. Do sangue de Urano ainda nasce mais 3 divindades que aparentemente aparecem na mitologia perseguindo pessoas até que essas pessoas possam invoquem a divindade para saber, entender o que se passou com essas pessoas. Porém, não livra essas pessoas a pagar o que fez, mas a pagar o que fizeram conscientemente. Do sêmem de Urano com as espumas do mar, nasce Afrodite, a deusa do amor. Ao quais os romanos chamam de Vênus. O mar é símbolo do movimento, e as espumas do mar nascem do confronto, da onda. A segunda geração dos deuses são filhos de Crono e Réia. Héstia, Hera e Deméter sendo as divindades femininas. E Zeus, Posseidon, e Hades as divindades masculinas. Zeus e Héstia estão ligadas ao Nous, o mito, ou o equilíbrio espiritual. Sendo Héstia a divindade do fogo sagrado e Zeus representando o deus dos deuses, o tempo consciente, que vence o tempo cronológico que é simbolizado por Crono. Crono, advertido pelo oráculo que um dos seus filhos vai destroná-lo, como seus filhos. Isso simboliza que o tempo a tudo consome e só a sabedoria, simbolizada por Zeus, pode vencer esse tempo. Réia no lugar de Zeus dar uma pedra a Crono para engolir e ele pensa que é Zeus. Zeus então é criado numa gruta na ilha de Creta, e depois volta para destronar Crono, e vence o pai. Crono depois vomitar todos os filhos que engoliram e passam esses deuses para o lado de Zeus. Hera, a esposa de Zeus, e Posseidon, o Deus dos mares e oceanos, e também do ar, simboliza a Psiquê, o símbolo, ou o equilíbrio humano. Note que o ar é como nossas emoções, um dia está nublado e outro dia claro. É instável. E Deméter e Hades simbolizam Soma, o rito, ou o equilíbrio físico. Deméter é a deusa da fertilidade e Hades o Deus do submundo, aquilo que há de mais oculto no homem.
- Há um preconceito com a mitologia grega de algumas pessoas, que dizem que essas pessoas, os gregos, não sabiam de onde originava o raio e acabam associando a divindade de Zeus. Imagine daqui a 500 anos, se passássemos uma fase de esquecimento, e que essas pessoas do futuro achassem uma tabela periódica, e acabariam tirando conclusões precipitadas sobre nós dizendo que os símbolos da tabela periódica eram para nós nos comunicarmos oralmente, como por exemplo, o símbolo do H20 = OHH. As atitudes desses homens do futuro se assemelhariam e muito com a interpretação de algumas pessoas da atualidade em relação aos mitos do passado.
- Belas palavras Sarah, continuando... A terceira geração dos deuses são os filhos de Zeus. Zeus na luta contra seu pai Crono tem que derrotar um monstro terrível que simboliza o que há de mais oculto em nós, pois foi feito do Tártaro, a parte mais profunda do Hades. Simboliza o que de mais profundo há em nós que devemos derrotar. Zeus vence esse monstro jogando um monte por cima dele. Cada um desses deuses do Olimpo representa uma virtude que um rei deve ter. Ares, o Deus da guerra, por exemplo, simboliza as coisas que devemos destruir para que nasça o novo. Atena é a Deusa da sabedoria, justiça e guerra inteligente. É o complemento de Ares. Hebe, a futura esposa de Hércules, filha de Zeus e Hera, simboliza a eterna juventude. Hércules nasce de 10 meses. Hércules é o nome romano para Héracles. O fato de Hera atrasar o parto de Hércules e ele nascer de 10 meses tem um significado. É que para a numerologia, 10 é a soma do 1 + 0, é a volta da unidade. Que é o que acontece com Hércules depois dos 12 trabalhos quando ele se torna uma divindade e se casa com Hebe. Dionísio, que é Baco para os romanos, é o Deus do vinho e é muito mal interpretado pelas sociedades por causa dos bacanais. O vinho faz tirar um pouco de pudor, e os mestres utilizavam o vinho para saber aquela pessoa continuaria virtuosa mesmo perdendo um pouco de pudor. Tanto que na Grécia antiga são os anciões, os mestres, que decidiram quanto cada pessoa tinha que tomar de vinho, pois eles sabiam a medida certa de vinho para cada pessoa. Para entrar nessa família dos deuses gregos a que dedicar tempo e ter muita força de vontade, pois é muita história para ser estudada. 
- Muita dedicação para praticarmos as virtudes, tendo a consciência como guia da nossa vida. Parafraseando a última frase do filme americano “Tróia”: “Digam que eu vivi no tempo de Hércules, Aquiles, Ulisses, Perseu, e Heitor, o domador de cavalos.” Pois esses heróis são exemplo de vida para nós. Mesmo eu na condição de cristã, vejo agora a mitologia grega com outros olhos, estudar para fins didáticos; com relação ao Deuses gregos, se eu nascesse na Grécia Antiga, seria devota do "Deus desconhecido", pois segundo o apóstolo Paulo de Tarso, esse seria a representação do nosso Deus judaico-cristão, e tudo se origina Dele. E diz na bíblia: "Não adorarás outros Deuses". Mas pra estudar de maneira didática, é interessante a mitologia grega, para estudar com fins simbólicos e filosóficos e não levar a mitologia ao pé-da-letra, que é o que acontece com a má interpretação dos mitos. Como já disse um certo doutor da igreja: "herdamos a filosofia dos gregos e a teologia dos judeus."

Autor: Victor da Silva Pinheiro




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