Lectio Divina –
Aula 1 – Sagradas Escrituras
Comunidade Doce
Mãe de Deus – Missão Bessa, cidade de João Pessoa, Paraíba, Brasil
O Espírito Santo é quem nos concede o entendimento da
Palavra. E a vida vai tentar nos ensinar sobre a Palavra no amor e na dor.
Santa Teresinha dizia que um dia sem sofrimento é como se fosse um dia vazio. Os
santos têm uma visão diferente da dor do público em geral. O entendimento da
sagrada escritura é essencial para saber lidar com a dor e vencer-lá. Os
escolhidos, os cristãos por natureza, nasceram para saber conviver com as
minorias, como com um esquizofrênico. Mas nem sempre essa convivência existe no
meio cristão. E a leitura vai te mostrar a mudar e a fugir da heresia da
separatividade. Eu não estou separado de você. Somos gotas de água de um mesmo
oceano.
A revelação vem por meio da prática cristã. Prática
essa que está em incluir um esquizofrênico no círculo de amizade cristão, sem
falsidade, sem querer se fazer bonzinho, mas ser realmente uma pessoa boa, e
não só parecer boa. Como diz o mestre Morfeu ao discípulo e escolhido Neo, no
filme Matrix: “Não pense que é, saiba que é.” Diz o sábio chinês Confúcio: “Uma
pessoa de alma bela, necessariamente fala coisas belas, mas nem toda pessoa que
fala coisas belas, necessariamente tem uma alma bela.”
A fé vem primeiramente em ouvir a Palavra,
e ouvindo bem, conseqüentemente, vem a compreensão da Palavra. Assim sendo, a
sua consciência vai ficar lhe cobrando para você praticar a virtude, ser ético,
ser cristão, sem falsidade. E só uma compreensão de vida vai lhe dar forças
para praticar o bem. Essa é a terceira fase. Mas eu incluo mais uma fase, a
quarta fase: o testemunho. E assim, com o testemunho, instigar no outro esse
ciclo do bem: ouvir, compreender e produzir frutos, que é praticar a Palavra. E
assim, fazer uma corrente de mestres e discípulos, uma corrente do bem. E para
praticar a bondade é preciso ter coragem, como canta Renato Russo da banda
brasileira Legião Urbana. Já diz no filme Batman Begins: “não é o que a gente é
por dentro quem diz quem somos, mas são nossas atitudes quem diz quem somos.”
Daí a importância de não só ficar no campo especulativo, intelectual, mas
servir, pois Jesus disse: “Eu não vim ao mundo para ser servido, mas para
servir.” Khalil Gibran diz no seu livro de poesia “O Profeta”, o seguinte: “Minha
religião são meus atos e minhas atitudes!” A igreja vive dentro de nós.
Revelação é apresentar algo novo e depois velar
novamente, segundo a etimologia da palavra. E para isso, temos que ser radicais
em cumprir a Palavra. Essa palavra “radical” ganhou conotação de algo extremo,
excesso, mas na sua etimologia tem um significado diferente, e é nesse sentido
que falo. No sentido etimológico radical quer dizer: ter raízes. E ter raízes
profundas, como prega Jesus na parábola do semeador. E o primeiro passo para
criar raízes é reconhecer que é um pecador, reconhecer a própria ignorância.
Para depois tentar vencer isso com uma vida santa. Ou ao menos, se aproximar ao
máximo de uma vida santa. Com relação ao primeiro passo, me lembra Sócrates, o
filósofo grego. Foram consultar o oráculo de Delfos, na Grécia Antiga, para
saber quem era o homem mais sábio da Grécia, e o oráculo disse que era
Sócrates. Quando Sócrates ouviu isso, não acreditou e foi nas ruas de Atenas
fazer os questionamentos mais complexos ao povo. E todos sempre tinham alguma
coisa a dizer. Ninguém foi humilde o suficiente para dizer: “eu não sei.” Então,
Sócrates chegou à conclusão que era sábio não por que sabia mais, mas por que
sabia que nada sabia. Daí surgiu sua famosa frase: “Só sei que nada sei.” Mas
voltando... saiba que saber ouvir é uma arte, que está ligada profundamente ao
silêncio. Hoje, o chamado “homem moderno” não consegue, não suporta o silêncio,
quando na verdade o silêncio é de extrema importância no processo de aprender a
ouvir.
Autor: Victor da Silva
Pinheiro
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