Filosofia e Símbolo do Natal
Esse texto são
anotações minhas feitas durante uma palestra de uma filósofa de Brasília. São
palavras dela e meu conseqüente desenvolvimento sobre o tema abordado.
Abordaremos aqui o presente tema focado em 3 aspectos: o mitológico, o
simbólico e o rito. Geralmente o nascimento dos grandes mestres, como foi o de
Jesus, está rodeado de mistério e magia. Em relação ao aspecto mitológico, o
fato do nascimento de Jesus ser celebrado no dia 25 de dezembro, para o
hemisfério norte, é o início do solstício de inverno, onde as noites são mais
longas e os dias mais curtos. É o apogeu da noite, dos mistérios. Quando
estamos voltados em torno de uma fogueira, a noite, nos confraternizando, isso
está ai muito do simbolismo do natal. O São João, as festas juninas no nordeste
do Brasil, é um natal disfarçado. O pessoal do nordeste tem até o costume de
dizer: “Feliz São João”. Nossas festas juninas são uma espécie de natal.
O fato da imagem do natal ser o menino Jesus ter nascido de um virgem,
que era Maria, simboliza pureza, que é purificada com a luz da sabedoria.
Fazendo uma analogia ao mito da caverna de Platão, Jesus é o reflexo da luz do
sol na caverna. É aquele que desceu de volta para a caverna para salvar a
humanidade da escuridão da ignorância. O próprio nascimento de Jesus é um
presente para a humanidade. E entre os antigos, era costume presentear o outro
no dia do aniversário, com uma vela, pois significava que aquele cidadão trouxe
mais luz para a humanidade, mais um ano de luz. No caso da purificação, o natal
e outras confraternizações é uma oportunidade de reatar as alianças entre os
amigos e familiares. É uma oportunidade de encontrar uma virtude em nós e no
outro. Um presente pode ser um símbolo disso. A oportunidade de dar o melhor
para a pessoa. Se tirar toda a parafernália do natal, todo o comércio, e não
ficar nada, não ficar o clima de natal, é por que já não existia natal. Os três
presentes que Jesus recebe dos 3 reis magos, simbolizam: o ouro, que simboliza
que ali nasceu um homem de ouro, onde há ouro no seu coração, está ligado mais
ao lado mitológico, espiritual. O incenso que é mais sutil está ligado mais ao
lado psicológico, e na antiguidade entre os pagãos se ascendia incenso para os
Deuses, então simboliza também que ali estava nascendo uma divindade. E a mirra
está ligada mais ao mundo físico, ao rito, e também pode significar ao final da
vida de Jesus, ao sofrimento que ele ia passar, já que a mirra é uma erva
amarga. O presente é símbolo de generosidade.
Com relação ao papai Noel, são algumas estórias que temos para
contar. Na tradição celta existia um velhinho que era o “Ancião dos dias” que
percorria as regiões frias e presenteava as pessoas, sendo esse ancião vestido
de vermelho, que simbolizava o fogo combatendo o frio do coração dos homens.
Outra história é que era um velhinho da época do império romano que entregava
presentes. Outra estória é de origem cristã: um velhinho vendo que um pai não
conseguia casar suas filhas por causa do dote, a cada véspera da filha se
casar, o velhinho escondido jogava um saco de moedas no quintal da casa do pai
das mulheres. Na terceira vez, descobriu-se quem era o velhinho. Depois esse velhinho
entrou para a igreja e virou santo: São Nicolau. E suas sacolas de moedas foram
substituídas por sacolas de presentes.
A árvore de natal é que é uma árvore da
vida, em que as bolas de natal podem simbolizar os planetas, e a árvore o
cosmos. As raízes estariam voltadas ao eu espiritual, e os galhos seriam o
mundo manifestado. O pinheiro tem uma forma de cone, que pode ser representada
como uma espiral e que na ponta da espiral, da árvore de natal, é colocado uma
estrela. A estrela de cinco pontas que simboliza o próprio homem. Outra versão
diz que certos povos, provavelmente celtas, adoravam o carvalho, e um bispo
cristão tentou acabar com esse culto até que um dia caiu um raio e partiu o
carvalho em 4 pedaços, e um pequeno pinheiro que estava ao lado do carvalho e
sobreviveu ao raio, foi posto pelo bispo como a árvore de natal.
Os gregos viam o
homem em 3 partes: uma espiritual, outra psicológica e outra física. O ideal
está na parte espiritual, são os modelos perfeitos. O símbolo pertence ao mundo
psicológico que faz a ponte entre o espiritual e o mundo físico. E o físico é o
rito, que está relacionado com as festas e confraternizações. O mito estaria
relacionado ao mundo espiritual. A vinda de Jesus ao nosso mundo simboliza a
luz da sabedoria que para nós é passado através da filosofia. Os 3 reis magos
eram astrólogos e/ou astrônomos. O fato de ter um boi e um jumento perto de
Jesus quando ele nasceu para Santo Agostinho simboliza que o boi, simboliza o
mundo judaico, e o jumento, como nasce de relações impuras, simboliza o mundo
pagão. E os dois presentes no nascimento de Jesus simbolizam que Jesus tanto
veio para salvar os judeus, como para salvar os pagãos. Já na tradição hindu, o
boi estaria relacionado a família do touro, da impulsividade, e o jumento
relacionado a passividade, e Jesus seria o equilíbrio entre a impulsividade e a
passividade. A idéia de Jesus pelo fato de ter nascido de um virgem, que era
Maria, simboliza, como já disse, a pureza, que traduzindo para nós como símbolo
é a purificação, e assim temos a possibilidade de nos reunir em família, ai
entra o rito. E como Jesus disse: “Minha família são todos aqueles que fazem a
vontade de meu Pai que está no céu.” Tem certo filósofo que diz que: “Se tirar
tudo do homem, e não ficar nada, é por que não existia homem ali.” Mesma coisa
com o natal, como já disse.
Até uma
crise que em grego quer dizer “mudança” pode simbolizar um presente caso você
cresça com a crise.
Na
Tradição hindu, ver-se o homem sobre 7 aspectos: 3 espirituais, e 4 próprio da
personalidade. A vela pode simbolizar isso, em que o corpo da vela é nossa
personalidade que vai se derretendo com o passar dos anos e o fogo é nosso lado
espiritual. Lembremos que o mais importante é que épocas de festas, como o natal
e réveillon, são épocas boas para a reflexão.
Autor: Victor da Silva Pinheiro
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