Amor Platônico
Esse texto são
anotações minhas feitas durante uma palestra que assisti de uma filósofa de
Brasília. São palavras dela e meu conseqüente desenvolvimento sobre o tema
abordado.
Ser platônico não é almejar coisas inalcançáveis, mas é ser filósofo. O
filósofo busca a sabedoria na sua plenitude. O sábio se faz diante da
dificuldade. Platão homenageia seu mestre Sócrates o colando como personagem
principal nos seus livros, nos seus diálogos. A voz de Sócrates nos livros de
Platão, é a voz do próprio Platão. Sócrates dizia que os livros não dialogam
por isso ele dava mais valor ao conhecimento oral do que o escrito, que é
suscetível de deturpações. Aliás, a tradição escrita surgiu com a decadência da
tradição oral, que era superior a escrita. Tanto que os Incas não tinham
conhecimento escrito, diante de tanto valor que davam ao conhecimento oral. O
que sabemos hoje sobre os Incas foi deixado pelos colonizadores e algumas
coisas ainda se sustentam na tradição oral de alguns grupos descendentes dos
ameríndios incas. Alguns estudiosos acreditam que Sócrates era analfabeto. O
filósofo grego Diógenes, da época de Alexandre O Grande, disse sobre o ato de
ler: “Eu não me alimento de figos pintados.” Diálogo, etimologicamente falando,
vem da língua grega e quer dizer: “duas inteligências”, que quando se juntam,
se colocando a serviço de um ideal, se aproximam de uma verdade superior,
universal. Segundo Platão e Sócrates, amor é a busca daquilo que nos falta. Na
verdade, está adormecido em nós, e quando encontramos isso que nos falta, na
verdade, desperta o que estava adormecido em nós. É nossa busca interior. Pois,
aquilo que nós somos de fato, nunca deixou de ser, basta só chegarmos a essa
constatação e trilhar o caminho. E como diz Morfeu a Neo no filme “Matrix”:
“Com o decorrer do tempo, Neo, você vai saber que existe uma diferença em
conhecer o caminho, e trilhar o caminho.”
Alma, etimologicamente falando, vem da “anima”, aquilo que nos anima, nos
movimenta. Os gregos antigos diziam que o homem é constituído de 3 naturezas:
Soma, é a parte física, mais densa, o nosso robozinho biológico. Depois vem a
Psique, o nosso eu mental e emocional. Essas duas naturezas juntas, segundo os
gregos, constituem a nossa personalidade, a nossa máscara. A terceira e última
natureza nossa é Nous, o eu espiritual. A união desses 3 mundos, dessas 3
naturezas, é que forma o homem. O Nous, que simboliza a consciência, passa a
vida toda nos procurando, se comunicando com nós através da vida, das pessoas,
dos sonhos... só que estamos mergulhados no mundo da matéria, vivendo nossas
vidas distraídas. Por isso no filme “Matrix”, Morfeu, que é o mestre e
simboliza a consciência, diz para Neo, que é o discípulo: “Você pode ter
passado os últimos anos me procurando, mas eu passei a vida toda procurando
você!”
Se tivermos a concepção que o que nos falta é algo físico, teremos um amor
físico, somático, do prazer carnal, que rapidamente se esgota. Se tiver a
concepção que o que nos falta é o amor da psique, vamos viver algo mais sutil,
o amor romântico, mais duradouro, porém, também se esgota. Agora, se temos uma
concepção que o que nos falta é o amor espiritual, viveremos algo eterno, que
nunca acabará, que continuará ecoando por toda a eternidade. Como diz o general
romano Máximus, no filme “Gladiador”: “O que fazemos em vida, ecoa por toda a
eternidade!” É o chamado o amor platônico, de almas gêmeas, que é um amor
guerreiro, amor esse que já escrevi sobre ele no meu segundo livro “Fogo
Interior”. A união nesse aspecto acontece quando duas pessoas não estão olhando
uma para outra, mas se unem olhando a estrela que os ilumina. A possibilidade
da existência desse amor num casal hoje em dia é raríssima, o que mais vemos
são as paixões. Quando nos unirmos espiritualmente, temos a possibilidade de
nos unir psicologicamente e fisicamente, e assim unido os 3 mundos, as 3
naturezas do homem, fechando assim o circuito, segundo Platão. O símbolo do
Tao, da união do Yin e Yang, simboliza essa união que está presente em todo o
universo e que está em movimento. A mulher de Ramsés se uniu a ele por que
sabia que Ramsés amava mais ao Egito do que amava ela. Sendo ela uma
sacerdotisa, e ele um rei, fizeram juntos um dos mais grandiosos governos do
Antigo Egito. Se quisermos encontrar uma pessoal ideal, também temos que ser
essa pessoa ideal, pois quando acharmos essa outra pessoa ideal, esta pessoa
pode também está procurando alguém ideal, e temos que está prontos para viver
um ideal de duas almas gêmeas. O que podemos garantir de melhor para o outro é
nosso crescimento espiritual, nossa verticalização. Imagine uma pirâmide de 4
faces, onde ciência, arte, política e religião são as 4 faces da pirâmides. Quanto
mais subimos a pirâmide, mas nos aproximamos do topo da pirâmide, e mais nos
aproximamos das outras faces. O topo da pirâmide é o piramidô, a filosofia. E
dizia os antigos que a filosofia é à mãe de todas as ciências. A base da
pirâmide é o mundo manifestado.
Autor: Victor da Silva Pinheiro
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